Da praia de Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, para o mundo. Ítalo Ferreira, que começou pegando ondas com a tampa de uma caixa de isopor de seu Luís, seu pai, que vendia peixes frescos na praia de Pipa, conquistou a primeira medalha de ouro do estreante surfe da história nos Jogos Olimpícos de Tóquio 2020, no Japão. Foi também o primeiro ouro do Brasil das Olimpíadas, realizada este ano por causa da pandemia do novo coronavírus.
Ítalo é o segundo medalhista nordestino nos jogos deste ano. Nesta segunda-feira (26), a skatista maranhense Rayssa Leal, de 13 anos, ganhou medalha olímpica de prata na categoria skate street feminino.
Campeão do mundo em 2019, o nordestino mostrou nas águas que seu favoritismo era justificado. E mostrou também porque está entre os melhores surfistas da atualidade.
Em uma final de alto nível contra o japonês Kanoa Igarashi, Italo conquistou a medalha de ouro por 15.14 x 6.60, a primeira do surfe, estreante no programa olímpico. Já Gabriel Medina chegou até a semifinal, mas acabou derrotado pelo australiano Owen Wright (11.97 x 11.77).
“Muito feliz. Foi um dia incrível, especial, trabalhei muito para isso e acreditei. É incrível (ser o primeiro campeão olímpico do surfe)”, disse feliz o primeiro campeão olímpico de surfe.
Eu vim com uma frase pro Japão: diz amém que o ouro vem. Todo dia orei às 3h, pedi a Deus que realizasse esse sonho.
Nas quartas de final, Italo Ferreira pegou uma onda quase perfeita (9.73) logo no início da bateria e, com uma vantagem confortável, eliminou o japonês Hiroto Ohhara (16.30 x 11.90). O adversário da semifinal foi o australiano Owen Wright, e aí o equilíbrio foi a tônica da bateria. Tanto é que eles ficaram empatados com 11.00 pontos durante parte do tempo. No fim, vitória do brasileiro: 13.17 x 12.47.
Na decisão, contra o japonês Igarashi, Italo dominou desde o início, conseguindo boas notas, enquanto o adversário não encontrou boas ondas.
Já Gabriel Medina passou pelo francês Michel Bourez nas quartas-de-final em uma série que estava tranquila até os minutos finais, mas que terminou mais apertada (15.33 x 13.66). Na semifinal, contra Igarashi, Medina conseguiu surfar duas ótimas ondas na primeira metade: 8.43 e 8.33. Mas o japonês fez 9.33 a pouco mais de três minutos do fim e superou o brasileiro.
Inicialmente, a competição de surfe não estava prevista para ser finalizada nesta terça-feira, 27. Mas os organizadores acabaram antecipando a programação devido ao tufão Nepartak, que chegou a Tóquio e aos arredores da capital japonesa.
Surfe feminino
Única representante brasileira nas quartas-de-final, Silvana Lima teve uma pedreira pela frente: Carissa Moore, tetracampeã mundial e atual líder da WSL, que seguiu para a final contra a sul-africana Bianca Buitendag . A surfista cearense perdeu por 14.26 x 8.30.
“Comecei bem o evento, mas infelizmente hoje não deu. Gostaria muito de ter chegado na final ou até a uma medalha de bronze, mas não foi dessa vez. Estou feliz e orgulhosa por ter chegado aos Jogos Olímpicos, e o pensamento agora é continuar treinando, pois estou na minha melhor fase, mesmo aos 36 anos.”
Com informações do Comitê Olímpico Brasileiro (COB)